Fotos de A. Morgenstern, Évora
Um pouco por todo o país, o fenómeno em curso e já aqui tratado da feudalização do território é geralmente acompanhado pela exportação de um mau gosto que os betinhos das cidades fazem chegar à província, às aldeias, ao campo.
Em tudo o que as mãos destes betinhos tocam, aparece esse mesmo mau gosto que reproduz uma curta gama de clichés, frequentemente associados a uma ideia cristalizada do ‘rústico’.
Ora, o ‘rústico’ é precisamente uma invenção dos betinhos das cidades que, quando chegam à província, ao campo, decoram as suas casas de fim de semana e hotéis de acordo com uma estética campestre idealizada. Uma estética campestre filtrada pelo imaginário rudimentar dos betinhos que, secretamente (ou cada vez menos secretamente), gostariam que o país voltasse ao que era antes de 1974.
A falsificação é um dos traços que melhor definem a sociedade do espectáculo em que vivemos. Nela, os buxos são de plástico e os vasos cerâmicos também.
O único brilho a adornar as derivas dos transeuntes é made in China.
‘Tripalium’: instrumento de tortura medieval sustentado por 3 estacas que está na origem etimológica da palavra ‘trabalho’.